quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Luiz Salvador Marques da Silva ou Luiz Salvador j.or, frequentou a Escola de Belas Artes de Lisboa, entre 1912 e 1919, com Varela Aldemira, João Reis, Fernando Moraes David, Mário Augusto, Aurora Bermudes e Helena Bourbon e Menezes; foi o aluno melhor classificado ao longo do curso, tendo conquistado os prémios Ferreira Chaves, Lupi e Anunciação, sem opositores a partir do primeiro êxito, mesmo de alunos mais adiantados.
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Nasceu em Lisboa, a 21 de julho de 1896, filho do empresário teatral, cenógrafo e arquitecto Luiz Salvador Marques da Silva, neto do escritor, empresário teatral e grande proprietário João Salvador Marques da Silva e de sua esposa D Antónia Cândida de Coimbra Reynaud e Sylva e irmão do aguarelista Mário Salvador e do actor Eugénio Salvador.

Tendo ajudado seu pai na cenografia, desde 1910 a 1912, este incitou-o a matricular-se em Belas-Artes. Terminado o curso e não tendo podido beneficiar da bolsa para Paris, suspensa com a primeira guerra mundial, recebeu convite de seu Mestre Veloso Salgado para colaborar na execução de "As Constituintes de 1820", tela gigantesca existente na sala de plenário do parlamento e de que fez mais de dois terços.
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De parceria com Leopoldo Neves de Almeida e Henrique Pinto Cabral, instala-se no atelier da Villa Martel, que pertenceu a José Campas, onde realizou alguns retratos que lhe valeram as 3ª e 2ª medalhas da SNBA, até ingressar no ensino oficial, em 1923.
Casou em Lisboa com D. Elvira Maria Dias Leal de Carvalhais de Teixeira de Menezes Machado Pereira Freire d'Andrade Nunes de Carvalho, tendo seguido para Mirandela, onde morou, tendo aí executado uma das suas grandes obras "A Promessa" e outro grande quadro intitulado "Capela de Nª Srª das Dores", disputada por Simões de Almeida, Constantino Fernandes e Columbano, que a adquiriu para o Museu de Arte Contemporânea, onde ainda hoje deverá estar; depois, em Alcobaça, de 1924 a 1930, onde realizou o " O Sacristão do Mosteiro de Alcobaça", vários retratos e cenários para a "Ceia dos cardeais", de Júlio Dantas e finalmente em Évora, donde regressa a Lisboa em 1945, após ter levado a efeito uma série de bons retratos e quadros de assunto, alguns com temas alentejanos como "A volta da monda", adquirido por Teixeira Lopes para o Museu Nacional de Arte Contemporânea, alem de cenários para o teatro Garcia de Resende.
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Já em lisboa, executa maquetes para o filme "Bola ao centro", uma planificação inédita para o filme "A morgadinha dos canaviais" e a colaboração com o arq. Porfírio Pardal Monteiro, no edifício da Caixa Geral de Depósitos de Beja. A década de 50, marca um período de grande actividade na sua carreira artística e de afirmação junto da opinião pública, com a realização de uma grande retrospectiva em 1952, ocupando todo o salão nobre e a sala do primeiro piso da SNBA. Na opinião de Raúl Portela: "um certame régio, mesmo magnificiente..."; "...um verdadeiro acontecimento de arte", que na opinião generalizada dos críticos o define como um grande pintor e proporciona a sua entrada meteórica no seio da fina-flôr dos aguarelistas portugueses. A este propósito diria Leitão de Barros "...trata-se de um artista de primeira ordem, sem qualquer favor..."; "Luiz Salvador j.or é mestre em óleo e aguarela...", diria Lopes de Oliveira.
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A este acontecimento segue-se uma verdadeira chuva de medalhas que parece pretender colmatar anteriores distrações dos júris; primeiros prémios em 1954, 56 e 57; medalha de honra em 1958 e 1º e 2º prémio Roque Gameiro, além de vários primeiros prémios no Estoril. Foi, durante alguns anos, professor na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, a convite desta instituição e em substituição de Alberto de Souza.
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Luiz Salvador j.or, que fez parte do grupo de Aguarelistas Portugueses e do Grupo de Artistas Portugueses, faleceu em 1986 com quase 90 anos de idade e mais de setenta de vida artística, encontrando-se representado em inúmeros museus e colecções particulares, tanto em Portugal como no estrangeiro, nomeadamente:
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Museu Nacional de Arte Contemporânea
Museu Nacional de Soares dos Reis
Museu da CMLisboa
Museu do Estoril
Museu José Malhoa
Museu Grão Vasco
Museu Santos Rocha, Figueira da Foz
Museu Nacional da Marinha
Museu de Bragança
Museu de Alhandra
Palácio Nacional da Pena, Sintra
Câmara Municipal das Caldas da Raínha
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Colecção D.or Laborinho, Nazaré
Colecção D.or Souza Neves, Alcobaça
Colecção Visconde da Bouça, D.or José Bacelar


. Alguns comentários:

-"Trata-se de um dos últimos pintores realistas que é preciso rever, restituir á história..."
Eduíno de Jesus, 1990

-"As admiráveis possibilidades e o excepcional valor deste artista, dão ao seu nome o direito a lugar de justo relevo na pintura portuguesa..."
Gustavo de Matos Sequeira, 1952

-"Um certame régio, mesmo magnificiente... um grande pintor,uma bela exposição, um verdadeiro acontecimento de arte..."
Raúl Portela, 1952

-"O professor dá com ela (exposição), mais uma lição aos seus alunos... Trata-se de um artista de primeira ordem..."
Leitão de Barros, 1952

-"...essa Porta dos Jerónimos, um prodígio da técnica que coloca Luiz Salvador j.or entre os nossos primeiros aguarelistas..."
Julião Quintinha,

-"Um pintor que marca lugar de relevo entre os pintores da sua época"
pintora Helena Muriel, 1990

-"Um dos maiores aguarelistas, senão o maior de sempre."
pintor José Manuel Soares, 1990

NA CABRAL MONCADA LEILÕES


Vai a leilão, no próximo mês de Outubro, na conhecida leiloeira Cabral Moncada, um quadro (óleo sobre tela), da autoria de Luiz Salvador J.or, datado de 1947, representando as antigas casas de pescadores da Costa da Caparica, local a que o Mestre possuia fortes ligações, por ser um dos seus locais preferidos de férias:
Era costume seu, levar a familia a "banhos" um a dois meses por ano, por altura do verão, áquela estância balnear onde se encontravam com os seus dois irmãos; o Mário Salvador, também ele aguarelista e o Eugénio Salvador, o do teatro.
Sempre amante do natural, tanto na sua obra como nas paisagens e locais por ele escolhidas, Luiz Salvador j.or pintou a Caparica em inúmeras ocasiões e épocas sob um olhar atento, buscando o pormenor para dele retirar, com mestria reconhecida, aquilo que á primeira vista, seria desnecessário e supérfluo.
Teria todo o interesse, que a Câmara Municipal de Almada aproveitasse esta ocasião, para adquirir esta excelente obra pictórica, de um belo cromatismo e representativa de um modo de vida, desaparecido há muito daquelas paragens e que poderá contribuir para o aprofundar do conhecimento e enriquecimento da cultura das gentes da região.
A base de licitação da tela é de 2000€ sendo a previsão de variação até 3000€.